Páginas

quinta-feira, 1 de abril de 2010

EDUCAÇÃO E TRÂNSITO: UMA MISTURA QUE DÁ CERTO

EDUCAÇÃO FAMILIAR NO TRÂNSITO

Essencialmente a educação tem o desígnio de levar o homem a atingir um estado de
maturidade que o capacite a se encontrar com a realidade de maneira consciente e assim agir de
modo responsável. Além disso, o fato do homem ser um ser social e viver em constante
relacionamento com as pessoas, é que faz pensar que a educação que cada indivíduo recebe pode
ser a chave para os sentimentos e decisões na mudança e amadurecimento constante do
comportamento humano. Essa vivência em sociedade é altamente complexa no mundo moderno
onde as relações são mediadas por inúmeros objetos provenientes do trabalho humano para
melhorar sua existência. O transporte e, por conseqüência, o trânsito fazem parte dessas relações,
como nos aponta o pesquisador VASCONCELLOS:
O trânsito é uma disputa pelo espaço físico, que reflete uma altercação pelo tempo e pelo
acesso aos equipamentos urbanos, é uma negociação, dadas às características de nossa
sociedade, não se dá entre pessoas iguais: a disputa pelo espaço tem uma base ideológica e
política; depende de como as pessoas se vêem na sociedade e de seu acesso real ao poder.
(1988).
Quando se aborda educação, se reflete sobre quem é responsável para que a mesma ocorra,
sejam os pais, familiares, professores, ou aonde se adquire esta educação, seja no trânsito, no clube,
na escola ou no trabalho. Acredita-se que estas aprendizagens equivalem a uma extensão das
aprendizagens que ocorrem no lar, com a mediação dos primeiros educadores - os pais ou familiares
mais próximos, mas todos os lugares e/ou pessoas com quem se convive educam constantemente;
logo, existe um contínuo aprendizado. Com exemplos de bons comportamentos, boa índole e de
personalidade equilibrada e socialmente adequada, ter-se-á conseguido demonstrar às crianças que a
educação no trânsito faz parte do conceito de respeito ao próximo. O respeito gera inevitavelmente
a educação.
O fator educacional se estende por meio do comportamento do indivíduo nas vias públicas,
pois se participa do trânsito desde o ventre materno até a morte. Convém lembrar que quando se
dirige, passeia, se caminha também se está no trânsito e, nesse momento, se repete o que foi
aprendido na educação familiar e no convívio social. Se foram bons exemplos, formar-se-ão bons
motoristas, participantes do sistema de trânsito, educados e conscientes.
Partindo deste paradigma educacional e frente aos constantes óbitos no trânsito de crianças
no Brasil e no mundo, é que se percebe quão fundamental são as bases educacionais, ou seja, os
valores, responsabilidades e exemplos adquiridos na família, que determinam junto à escola, o
cidadão do futuro.
A educação no trânsito, fornecida pelas escolas, desde a Educação Infantil até o Ensino
Médio, é fundamental para a mudança constante de comportamento humano e formação de futuros
cidadãos e motoristas contribuindo para um trânsito seguro. A continuidade deve ser ofertada
sempre que possível no Ensino Superior, seja através de programas ou projetos.
Trata-se de uma aprendizagem cujas bases são práticas, existem a partir das vivências e, por
isso mesmo, são tão difíceis de mudança quando já arraigadas, conforme nos orientam os estudos de
JEAN PIAGET:
Só podemos olhar o outro e sua história, se temos conosco uma abertura de aprendiz que se
observa em sua própria história. Nesse sentido, a ação de olhar é um ato de estudar a si
próprio, a realidade, o grupo, à luz que nos inspira, pois sempre só vejo o que sei. (PIAGET
apud ARANHA,1996)
A carência de bons exemplos dos pais para os filhos, quanto à educação para o trânsito,
apenas afasta a efetividade de um trânsito possível de melhorias, segurança e mudanças reais no
comportamento dos participantes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário